quinta-feira, 21 de julho de 2011

FÉ E RAZÃO - DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ? - 2


                    Não questiono a inegável verdade de que não há lógica em a ciência ser restringida por assuntos de “fé” (fé aqui no sentido denominacional) desta ou daquela religião, porém, não acredito que seja interessante para a ciência uma “autonomia absoluta” (o que, particularmente, não acredito que exista) como se esse tipo de concessão pudesse torná-la mais produtiva e interessante. Recentemente, André Petry escreveu na revista Veja (Edição 2163, n.18) que a tecnologia [ciência] é moralmente neutra. No melhor estilo positivista, disse isso como se não houvesse pressupostos e premissas que fundamentam a elaboração de qualquer tecnologia. 


                    É como se alguém pudesse produzir qualquer tipo de conhecimento em um vácuo, em uma bolha atemporal que não sofre influência e nem influencia (Deixo claro que isso vale também para a teologia). Sua afirmação fez-me lembrar do que li na ficção O Diálogo, de Peter Kreeft. Na narrativa, interagem C. S. Lewis, Aldous Huxley e o presidente norte-americano, John Kennedy, todos falecidos no dia 22 de novembro de 1963, com espaços de apenas poucas horas. Quando Kennedy interpela C. S. Lewis com a objeção: “― Cálculos não mentem”. O professor de Oxford prontamente lhe replica: “― Mentirosos calculam”. Se não se pode confundir ato com agente, não é possível conceber o ato ― mesmo que este tenha sido involuntário ― sem um agente.

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