A Comissão da Verdade da Assembleia Legislativa de São Paulo realiza
hoje a primeira audiência pública do ano para discutir indícios de
relações entre representantes da Fiesp e do consulado dos Estados Unidos
com órgãos da repressão durante a ditadura militar (1964-1985).
Membros da comissão paulista vão apresentar cópias dos livros onde eram
registradas as entradas e saídas de funcionários e visitantes do extinto
Dops (Departamento de Ordem Política e Social), um dos principais
órgãos da repressão em São Paulo.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Os documentos foram obtidos no Arquivo Público do Estado pelo ex-preso
político e integrante da Comissão da Verdade paulista Ivan Seixas.
Entre os nomes que aparecem nos livros, estão o de Geraldo Rezende de
Matos, cujo cargo é identificado apenas como "Fiesp", e o de Claris
Rowney Halliwell, onde consta "consulado americano".
De acordo com levantamento de Seixas, Matos esteve 45 vezes no Dops
entre 1971 e 1972, período em que Halliwell foi ao local 34 vezes.
Para o presidente da comissão paulista, deputado Adriano Diogo (PT), os
livros indicam que Matos e Halliwell se encontravam com agentes da
repressão e tinham conhecimento das torturas.
Segundo Seixas, que ficou preso no local em 1971, quando alguém era
torturado era possível ouvir os gritos em qualquer lugar do prédio. Por
isso, ele afirma que, se houve tortura enquanto Matos ou Halliwell
estavam no Dops, eles sabiam o que ocorria.
Claris Rowney Halliwell (1918-2006) foi cônsul dos EUA em São Paulo de
1971 a 1974, de acordo com o livro "Leo Halliwell na Amazônia", escrito
por Olga Streithorst.
O consulado dos EUA em São Paulo informou que não tem registro de
ex-funcionários e não respondeu qual seria o motivo das visitas de
Halliwell ao Dops.
Em nota, a Fiesp afirmou que "o nome de Geraldo Rezende de Matos não
consta dos registros como membro da diretoria ou funcionário da
entidade".
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