Anac padroniza ajuda de custo pago por companhias e diminui prazos para localização de bagagem e indenização por extravio.
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
mudou as regras de transporte de bagagens em voos nacionais e para fora
do País. Agora, as empresas serão obrigadas a pagar R$ 300 na hora para o
passageiro que tiver sua bagagem extraviada e estiver fora da sua
cidade. Além disso, o prazo para encontrar a mala caiu de 30 para sete
dias - e, no caso de perda, a indenização terá de sair em 14 dias, e não
mais em um mês.
Epitacio Pessoa/AE
Limites de bagagens despachadas também serão ampliados pela nova regra
Além disso, o limite de bagagem para voos entre o Brasil e a
América do Sul e América Central será de 23 kg - hoje, é de 20 kg.
Também ficou padronizado o limite de duas peças de 32 kg para os demais
voos internacionais. Ou seja, permanece a franquia de bagagem dos voos
para os Estados Unidos e principais destinos da Europa. Segundo a Anac,
106 países adotavam a franquia, mas outros 148 outros destinos, não.
Voos domésticos comerciais continuam com a franquia de 23 quilos.
A nova proposta atualiza a portaria 676, criada em 2000, e
foi colocada em audiência pública no site da Anac ontem. A minuta
completa da resolução será publicada na segunda-feira. A partir da
aprovação do texto final, que receberá contribuições ao longo do mês de
abril, medida tem 90 dias para entrar em vigor.
Os cerca de R$ 300 - na verdade, 100 Direitos Especiais de
Saque (DES), um índice internacional cuja cotação pode ser conferida no
Banco Central - devem ser pagos à vista ao passageiro na hora do
extravio. Hoje, as companhias tinham sua própria política de ajuda de
custo em caso de extravio e pagavam valores diversos, analisados caso a
caso.
Mala de mão. Também ficou estabelecido que
todo passageiro poderá levar pelo menos 5 kg de bagagem de mão sem
custo, como já acontece hoje. As companhias, porém, terão a liberdade de
oferecer uma franquia maior, como cortesia ou sob cobrança de taxa
opcional.
Nos bastidores, as companhias faziam lobby com a Anac para
que todo e qualquer parâmetro de peso, tamanho e quantidade de malas
fossem determinados livremente por elas, como acontece nos Estados
Unidos e Europa. A agência cedeu em partes: fixou um limite, mas abriu
uma brecha para que as aéreas internacionais possam oferecer uma
franquia menor e baixar o preço do bilhete.
Então, na prática, uma companhia agora pode vender uma
passagem mais barata para o passageiro que estiver disposto a levar
menos peso.
Mesmo assim, o setor reclamou. "Um passageiro que leva 64
kg não tem bagagem, tem carga. Somos contra e vamos nos manifestar",
afirma Robson Bertolossi, presidente da Junta dos Representantes das
Companhias Aéreas Internacionais no Brasil (Jurcaib).
Para Ronaldo Jenkins, diretor técnico da Associação
Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a resolução "não saiu bem como
as empresas queriam". "Em Londres, por exemplo, os trabalhadores não
descarregam malas acima de 23 kg. As malas acabam sendo retiradas por
outra equipe, o que gera um custo adicional, naturalmente", afirma. Ele
conta que as empresas haviam pedido para que, em vez de 32 kg, a
padronização fosse de 23 kg para os internacionais.
Sobre o prazo de sete dias para encontrar bagagens
extraviadas, Jenkins acha que o tempo é curto, mas as empresas aéreas
"terão de se adaptar". "Primeiro tem o cara que diz que a bagagem
extraviou só para receber o dinheiro. Depois, esse prazo de sete dias
para voos domésticos é curto, mas até dá. Agora, em voos internacionais,
é muito mais difícil."
Descumprimento. A Anac diz que "as sanções previstas pelo descumprimento do disposto na resolução podem variar de R$ 20 mil a R$ 300 mil".
Nataly Costa - O Estado de S.Paulo
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