Na primeira reunião do grupo
de trabalho que vai elaborar o projeto de reforma política, o
coordenador, deputado Cândido Vaccareza (PT-SP), afirmou que as
alterações na lei não vão valer para as eleições de 2014. Ele afirmou
que não quer aprovar a reforma “a toque de caixa”. Para que as mudanças
valessem já para o ano que vem, deveriam ser aprovadas pelo Congresso
antes de outubro, já que a lei eleitoral garante o prazo de um ano para
garantir a validade de alterações na legislação.
"Nenhuma decisão desse grupo
daqui vai valer para as eleições de 2014. Todas as decisões que aqui
tomarmos valerão para 2018. Se vai valer em 2016 nós vamos discutir. Ao
discutir um ou dois temas poderemos fazer uma experiência nas eleições
municipais e ver se continua. Estamos discutindo aqui a reforma política
que, portanto, não valerá para as eleições de 2014, porque iríamos
aprovar a toque de caixa", afirmou Vaccarezza.
O grupo também definiu um
calendário de trabalho e garantiu que haverá produção durante o “recesso
branco”, que começa amanhã e se estende até 31 de julho. Haverá
reuniões administrativas e a primeira audiência pública já foi marcada
para 8 de agosto. Todas as reuniões do grupo serão às quintas-feiras
pela manhã.
Os deputados têm 90 dias para
elaborar um projeto de reforma política, que será votado pelo Congresso
no segundo semestre, segundo estimativas do presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Após passar pelo Congresso, as
propostas serão colocadas em consulta pública sob forma de um referendo,
em que a população aprova ou rejeita as leis votadas pelos
parlamentares.
Protestos contra tarifas de ônibus
Mobilizados contra o aumento
das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras,
grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos
preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população.
Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se
gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de
pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um
significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em
Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes
agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente
aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e
o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo
movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram
milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um
imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a
violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim
que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das
maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os
aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas
outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a
nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de
Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o
debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre
objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular
na história brasileira desde a restauração do regime democrático em
1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados
obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar
por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma
Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.
Fonte: Terra AL 24h.
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