O Palácio do Planalto anunciou nesta segunda-feira que a
presidente Dilma Rousseff aceitou o pedido de demissão do ministro das Relações
Exteriores, Antonio Patriota.
O cargo será ocupado pelo representante do Brasil na ONU, o embaixador Luiz
Alberto Figueiredo.
A saída de Patriota ocorre em meio à polêmica sobre a chegada do senador
boliviano Roger Pinto Molina em território brasileiro.
Após ficar abrigado por 15 meses na embaixada brasileira em La Paz, o
político boliviano entrou no país com a ajuda do encarregado de negócios da
embaixada, Eduardo Saboia.
Em comunicado divulgado no domingo, o Ministério das Relações Exteriores
afirmou só ter tomado conhecimento da chegada de Molina ao país quando ele já
estava no Brasil.
O Itamaraty anunciou ainda que abriria um inquérito para apurar as
circunstâncias da viagem do senador boliviano e tomar "medidas administrativas e
disciplinares cabíveis" em relação à atuação de Saboia.
'Salvo-conduto'
O senador boliviano, que aguardava um salvo-conduto para sair do país, deixou
a embaixada brasileira em La Paz no sábado e foi levado em um carro com placa
diplomática, protegido por fuzileiros navais, até território brasileiro. Após
passar por Corumbá (MS), ele desembarcou em Brasília na madrugada de
domingo.
O parlamentar de 53 anos chegara à embaixada em La Paz em 28 de maio de 2012
e, dez dias depois, recebera asilo político do governo de Dilma. Ele pedia um
salvo-conduto para conseguir deixar a Bolívia, alegando "perseguição política"
por acusar funcionários do governo de corrupção e conivência com o
narcotráfico.
O governo boliviano alega que Pinto está envolvido em pelo menos 14 crimes e
se refugiou na embaixada para escapar da Justiça ─ que o condenou, em um dos
casos, a um ano de prisão por supostos danos de US$ 1,7 milhão (R$ 4 milhões, em
valores atuais) aos cofres públicos do país.
O salvo-conduto para sair da embaixada e viajar para o Brasil estava sendo
negado pelas autoridades bolivianas, que alegavam que o senador respondia a
processos judiciais no país.
À BBC Mundo, a filha do senador, Denise Pinto, a última visita do chanceler
brasileiro Antonio Patriota fez a La Paz não resultou em avanços, apenas em
"restrições": ele passou a não poder mais receber visitas de amigos, apenas da
filha e de seu advogado.
Rio+20
Em nota, Dilma agradeceu "a dedicação e o empenho do ministro Patriota nos
mais de dois anos em que permaneceu no cargo". Patriota agora ocupará o cargo de
Figueiredo na missão do Brasil na ONU.
Antes do anúncio, a presidente se reuniu com Patriota, no Palácio do
Planalto, por cerca de 50 minutos na tarde desta segunda-feira.
O novo chanceler, Luiz Alberto Figueiredo Machado, de 57 anos, foi o
negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, que aconteceu em 2012 no Rio de Janeiro.
Segundo a Agência Brasil, Figueiredo Machado "se destacou pela
habilidade" durante a conferência e "conquistou a confiança da presidente Dilma
Rousseff pela disposição em negociar pacientemente com os que resistiam a
acordos".
Após a Rio+20, o diplomata foi nomeado representante do Brasil na ONU. A
nomeação, ainda de acordo com a Agência Brasil, é considerada pelos
diplomatas como valorização do profissional, já que a entidade é o principal
órgão internacional de negociações multilaterais.
Figueiredo e a presidente se conheceram na Conferência das Partes (COP), na
Dinamarca, quando ela ainda estava na Casa Civil.
BBC - BRASIL
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