segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Belenzinho entra no Tocantins.

Tomei conhecimento através do portal JM Notícias, do Tocantins, que o Ministério do Belenzinho, SP, estaria estendendo as suas estacas àquele Estado por intermédio da Assembleia de Deus em Limeira, no estado paulista, com um audacioso projeto de implantar igrejas em todas as cidades tocantinenses. Parece de início uma iniciativa a ser aplaudida, pois quem não deseja a expansão do Reino de Deus "até os confins da terra"? Usando uma expressão corrente em certo círculo neopentecostal, seria algo "para glorificar de pé, igreja"! Mas o que poderia estar por trás da proposta? 

Sem maiores delongas, lembro-me de 1989, quando, em Assembleia Geral Extraordinária da CGADB realizada em Salvador, BA, por pressão da liderança do norte e do nordeste, entre eles Samuel Câmara, aliada ao presidente José Wellington Bezerra da Costa, votou-se a suspensão do Ministério de Madureira até que se retirasse dessas regiões, no que comumente se designou como "invasão eclesiástica", e também o Ministério concordasse em retirar de seu Estatuto a natureza nacional de sua convenção. Houve apenas oito votos contrários. Eu estava entre eles, ao lado de homens do naipe de José Pimentel de Carvalho. Ao me questionarem, simplesmente aleguei: "Hoje, com essa decisão, estamos retirando Madureira. Amanhã outra Madureira surgirá em nosso meio. O que precisamos é de reforma em nosso modelo eclesiástico, se a liderança tiver coragem para isso". 

Creio não ser necessário acrescentar mais nada. A nova "Madureira" está aí para quem quiser ver e a tendência é expandir-se cada vez mais, dependendo dos rumos da eleição na CGADB em 2017. Não nos esqueçamos, fora isso, que aquela resolução e outras parecidas tratando de "invasão eclesiástica" nada adiantaram, pois o que temos são extensões de diferentes convenções estaduais do sudeste em todos os estados do Brasil. Só no Rio de Janeiro, além de nossas quatro convenções estaduais, há núcleos de outras coirmãs de estados bem próximos. E ninguém fala mais no assunto. 

Tudo isso decorre do hibridismo do nosso sistema eclesiástico, que permite a construção de grandes impérios, onde, nas pirâmides, estão pastores afortunados, enquanto na base se encontram aqueles que andam de bicicleta, mal assalariados, como bem expressou o pastor Claudionor de Andrade em sua plenária na Conferência de Escola Dominical realizada em João Pessoa, PB. Na verdade, não estamos construindo o Reino de Deus, mas construindo o nosso reino. 

Como diria Ibrahim Sued, o resto é silêncio.
Geremias do Couto
Fonte:http://geremiasdocouto.blogspot.com.br/


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