Sob esse título
provocante, o jornal israelense Jerusalem Post e outras revistas em língua
inglesa, especialmente nos EUA, publicaram há algum tempo os anúncios
de um livro estranho. O autor pretende apresentar abrangentes provas históricas
e arqueológicas de que o templo de Jerusalém não esteve
localizado sobre o Monte do Templo. Ele alega que o templo ficava mais ao sul,
e que os muros ainda visíveis hoje em dia, dos quais o Muro das Lamentações
é uma pequena parte, seriam apenas restos da fortaleza Antonia.
Significativamente,
grupos islâmicos afirmam publicamente, com crescente atrevimento, que
jamais houve um templo judeu no Monte do Templo, por eles chamado de Harem esh-Sharif
(Esplanada das Mesquitas).
Nem precisamos
dizer o quanto essas afirmações são infundadas e insustentáveis.
Mas seu alvo é, naturalmente, tirar dos judeus todo e qualquer direito
de reivindicar o Monte do Templo. Essa tese é tão absurda que
normalmente os especialistas em arqueologia, tanto judeus como não-judeus,
nem a levam em consideração. Mas por mais absurda que seja, infelizmente
é verdade que uma mentira, quando repetida inúmeras vezes, acaba
encontrando pessoas que acreditam nela.
Paulo predisse
que nos tempos que antecederiam a volta de Jesus o amor à verdade iria
diminuir e que o próprio Deus iria enviar a operação do
erro: "É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação
do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados
todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo
contrário, deleitaram-se com a injustiça" (2 Ts 2.11-12).
O que impressiona
é ver que até cristãos se prestam a difundir esse tipo
de mentira. O Dr. Ernest L. Martin, autor do livro citado nos anúncios,
apresenta-se como arqueólogo amador com formação teológica
e pedagógica. Ele declara ter visitado Israel muitas vezes e ter participado
de escavações no Monte do Templo.
Essa última
afirmação nem merece consideração, pois jamais houve
escavações no Monte do Templo, uma vez que os muçulmanos
não as permitem, mesmo que os judeus desejem imensamente realizar tais
projetos. Se eles pudessem ser executados, sem dúvida iriam surgir muitas
provas arqueológicas mostrando que realmente existiu um santuário
judeu nesse local, justamente o que os muçulmanos tentam impedir a qualquer
preço. Nada seria mais fácil do que provar, por meio de evidências
arqueológicas, que realmente houve um templo judeu no Monte do Templo.
Mas como os muçulmanos sabem disso, eles procuram outros meios para alcançar
seus objetivos.
Triste é
que muitos "cristãos" se deixam levar por essas campanhas mentirosas.
Qual é a sua motivação para isso? Será que eles
sentem uma certa necessidade de reconhecimento, ou são bem pagos? Os
grandes anúncios do livro, em páginas inteiras e muito bem elaborados,
publicados juntamente com a propaganda de outros livros que também prometem
"revelações espetaculares e inéditas", provavelmente
não se financiam através da venda dos livros. Tudo isso leva a
crer que por trás dessas publicações existe mais do que
o simples propósito de esclarecer leitores ignorantes. Aparentemente,
seu alvo é espalhar entre os cristãos certo tipo de mentiras,
camufladas sob o manto da ciência, que procuram negar o direito dos judeus
ao Monte do Templo ou a Jerusalém.
Os títulos
dos outros livros deixam entrever mais uma motivação, que é
solapar a Bíblia, a fé cristã e a fé judaica. O
mesmo autor já havia feito a "espantosa descoberta" de que
Jesus nasceu 200 ou 300 anos antes da data normalmente aceita. Em outro livro
ele "revela" como os livros da Bíblia foram modificados de
maneira misteriosa. Noutra obra ele pretende provar que a doutrina da Trindade
foi incluída no Novo Testamento no século 3 depois de Cristo,
a partir da filosofia grega.
Essas "novas
revelações" se encaixam perfeitamente no contexto da propaganda
islâmica, que tenta minimizar os erros e enganos do Corão afirmando
que o Antigo e o Novo Testamento foram modificados e que somente o Corão
contém a verdade pura, apesar da Bíblia ser bem mais antiga que
o Corão e a exatidão de seus textos ter sido documentada exaustivamente.
Realmente,
hoje acontece exatamente o que Paulo predisse: a verdade da Bíblia é
questionada rápida e irresponsavelmente, até nos meios teológicos.
Ao invés de se basear na verdade, aceita-se sem críticas essas
novas "revelações" pseudo-científicas. Mais impressionante
ainda é o fato de revistas cristãs de renome se prestarem a publicar
esses anúncios. O que está por trás disso? Provavelmente
mais uma vez o amor ao dinheiro, que torna irrelevante a importância da
verdade.
Mas somente
o amor incondicional à verdade pode nos proteger de enganos sutis que
são apresentados como se fossem descobertas "científicas
e arqueológicas".
|
Fredi Winkler nasceu na Suíça e vive há mais de trinta anos em Israel, onde dirige a Casa de Hóspedes Beth-Shalom (em Haifa). Aliando sua formação como guia turístico israelense e seu conhecimento da vida judaica com seus estudos das Escrituras, ele tem uma visão abrangente do signif |

Nenhum comentário:
Postar um comentário