O secretário da Defesa dos EUA, Chuck Hagel, disse nesta quinta-feira
que o serviço de inteligência do país tem indícios do uso de gás sarin,
uma arma química, pelo governo sírio contra os rebeldes do país.
"A inteligência americana avalia com graus variados de confiança que o
regime sírio usou armas químicas em pequena escala na Síria,
especificamente o agente químico sarin", disse Hagel, durante viagem aos
Emirados Árabes Unidos, reproduzindo carta enviada a senadores.
Em agosto passado, enquanto resistia a decretar uma intervenção
americana na Síria, o presidente Barack Obama disse que o uso de armas
químicas contra a população civil seria uma "linha vermelha" que ele não
permitiria que o regime do ditador Bashar Assad ultrapassasse. "Mudaria
o jogo", ameaçou.
Jim Watson/Reuters | ||
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Secretário de Defesa, Chuck Hagel, disse em Abu Dhabi que EUA acreditam ser provável uso de armas químicas na Síria |
A Casa Branca não adiantou como responderia à descoberta, mas vários senadores pediram ontem "ação" ao presidente Obama.
A declaração de Hagel aconteceu dias após a acusação similar de um
general israelense de que a Síria estava usando armas químicas, durante
visita do secretário americano a Israel.
"A comunidade de inteligência tem coletado informação nesse tema por
algum tempo e a decisão de chegar a uma conclusão foi feita nas últimas
24 horas", disse Hagel. "Isso viola todas as convenções de guerra",
acrescentou. O governo, no entanto, disse que esperava provas "mais
conclusivas" sobre o uso, a origem e a escala antes de tomar
providências.
CAUTELA
Um assessor da Casa Branca, que conversou com a imprensa para dar
informação de bastidores, afirmou que ainda não se decidiu o que será
feito com tal informação.
"Continuamos a trabalhar para estabelecer um julgamento definitivo se o
sinal vermelho foi ultrapassado para decidir o que temos a fazer
depois", disse o membro do governo, que pediu anonimato.
"Se alcançamos uma determinação definitiva de que o sinal foi
ultrapassado, o que faremos é consultar nossos aliados e amigos e a
comunidade internacional, além da oposição síria, para determinar o que é
a melhor atitude a tomar", disse.
Ele também citou os erros de inteligência sobre o Iraque e suas armas de
destruição em massa que foram usadas como argumento para a invasão do
Iraque como razão para a cautela.
O senador republicano John McCain, candidato derrotado por Obama à
Presidência em 2008, disse ontem que o presidente "não fez nada por dois
anos, permitindo um massacre na Síria". "Estou decepcionado, mas não me
surpreende o uso de armas químicas."
Para McCain, os EUA precisam fornecer armas para a oposição, estabelecer
uma área protegida para os rebeldes e decretar uma zona de interdição
do espaço aéreo.
McCain mandou uma carta ontem para Obama pedindo uma resposta "pública".
"Não me surpreende. Bashar [Assad] está lutando por sua vida. A questão é
o que os EUA vão fazer. Eles não querem intervir", avaliou Moshe Maaoz,
professor emérito da Universidade Hebraica.
FOLHA
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